Como você lida com seus fantasmas pessoais? Até que ponto eles te impedem de seguir em frente? O filme “Sombras da Vida” (A Ghost Story), disponível na Netflix, traz essa reflexão a partir da história do casal C e M.
Ele, C, é músico e morre em um acidente de carro. O corpo físico dá lugar a um fantasma, com lençol branco e buracos nos olhos, que volta à casa onde morava e passa a acompanhar como mero espectador a vida de M sem ele.
(Este texto contém spoilers, mas a reflexão vai muito além do filme. Vai valer a pena!)
Como fantasma, apegado à estrutura de casa e família, ele fica vagando, ruminando tudo o que viveu e o que não viveu. É capaz de rasgar todas as paredes da casa, de quebrar objetos, mas não consegue acessar a única parede que precisa: a de dentro de si.
Somente quando compreende os últimos dias da sua vida, quando encontra sentido na última música que compôs para a namorada, quando se dá conta de que ela não retornará e o motivo disso é que ele finalmente consegue acessar a mensagem que precisava para fazer a passagem e deixar o mundo dos vivos.
Ou seja, nossos fantasmas só vão embora quando damos sentido ao luto (morte ou perda) do que quer que seja.
No filme, o fantasma não tem aparência ou expressões antropomórficas, sendo talvez uma metáfora que vai além do espírito desencarnado, podendo ser entendida como qualquer situação do passado, que já não existe, mas que paira, insistentemente, nas nossas vidas.
Precisamos encontrar um sentido para os fantasmas da nossa mente. Só assim eles (e nós) irão encontrar o caminho da luz.